Pular para o conteúdo

Os últimos dos moicanos

ferCultura3_html_491fe4c

Fernando Campos Moraes Amato

Calouro da Escola Paulista de Medicina – Turma – 71

As fases mais difíceis na vida de um adolescente são aquelas que envolvem grandes decisões, e que a inexperiencia e imaturidade dificultam suas escolhas. Como no vestibular, que o jovem tem que escolher além do curso também a faculdade, e que tal escolha depende do seu desempenho nas provas. Nem sempre se passa na faculdade desejada, mesmo tendo estudado o suficiente, a pressão emocional é muito forte, e até a má sorte, como por exemplo perder o onibus, tenha uma dor de barriga, tenha febre, erre o local de prova, pode fazer com que o candidato perca um ano de sua vida estudando para uma segunda chance, ou até mude a opção de curso ou de faculdade.

Escolhi a medicina por muitos fatores, sempre tive interesse especial nessa área. Respeito muito a profissão. A influencia familiar foi , sem duvida, crucial na minha decisão.Em casa ninguem foi original, todos são médicos, mas souberam de alguma forma mostrar suas paixões individuais pela profissão.

Nunca tive atração por nenhuma faculdade em especial, entretanto a história, a localização e a conceituação no meio médico certamente tiveram sua influencia. Passar na Escola Paulista de Medicina foi uma grande satisfação para mim, pois estaria cursando a mesma faculdade que meu falecido avô, Gabriel Antonio Galvanse Amato, se formou em 1940, pela terceira turma!

Além de uma calorosa recepção feita pelos veteranos, na primeira semana tivemos a oportunidade de conhecer melhor a nossa escola, principalmente a sua história, com algumas aulas. Saber que ela é fruto da união e dedição de alunos e professores, faz com que ela desperte um respeito e orgulho ainda maior! Os primeiros dias como calouro sao inesquecíveis, mesmo depois de ser introduzido a faculdade, é quase impossível saber exatamente que aula haverá, a que horas e aonde, mesmo usando o calendário, é difícil encontrar as salas, e só aos poucos se vai acostumando.

Numa sala com 113 alunos, é foi difícil conhecer todos, e até hoje ainda mal conheço algumas! É interessante saber a origen deles e porque escolheram a escola. Muitos são do interior de São Paulo, da propria capital, de outros estados , como Mato Grosso do Sul , Santa Catarina, Goias, Alagoas e dois vieram da África.

Foi complicado nos primeiros dias identificar os colegas, pois todos os homens tiveram seus cabelos raspados com um moicano, seguindo a tradição da escola, apesar de alguns serem extremamente estilizados! Era divertido ver moicanos vermelhos na rua, mas também muito util, pois assim se podia descobrir onde era a aula, apenas seguindo, mas as vezes dava errado!

Na festa de lançamento dos calouros e na “intercaloumed” em Atibaia a vaidade chegou ao extremo. Todos aparavam e consertavam seus moicanos para poder colorir de vermelho. Pessoas mal informadas talvez nos chamassem de punks, loucos, revoltados , mas as outras faculdades sabiam que deveriam nos chamar de índios! Ninguém soube me dizer a verdadeira história desse apelido, alguns dizem que fomos assim intitulados por jogarmos nas competições esportivas como guerreiros, selvagens , índios…, e a ofensa virou elogio!Só sei que lutamos por aquilo que queremos!

Marcações:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.